Vida. Estranha e paradoxal existência
revestida, todos os dias, pelo signo da obstinação. Receios. Medos.
Intimidações... Persistir. Teimar. Ser empurrado para o imponderável.
Não sucumbir diante das decepções. Perseverar
a despeito daquilo que insiste em ser reprisado pelo inconsciente.
Receio que não valha a pena tentar mover
montanhas. Quisera esquecer-me de contar os dias. Não desperdiçar tempo. Não me
envolver com frágeis idealismos nem construir castelos improváveis.
Não abraçar projetos numa fuga dantesca das
próprias inquietudes. Não quebrar espelhos. Não ter delírios confundindo
esperança com messianismos.
Desenraizar-se. Perceber o vazio que
embaça os olhos e inunda a mente. Coração que sangra. Vazio tenebroso.
Ser roubado de si mesmo pela desfaçatez de
uma vida circunstancial. Imperativo de beleza, justiça e bondade na profusa e
distante memória pregressa.
Como desejaria redescobrir a essência humana
para encara-la sem subterfúgios. Saber auscultar aquilo que as palavras não
podem multiplicar.
Reverenciar as sutilezas do mundo que nos
cerca. Fazer retumbar no peito a esperança capaz de dispersar qualquer vaidade.
Recobrar a serenidade.
Encarar os silêncios para apaziguar os olhos.
Sarar feridas. Distanciar-me da falsidade e do egoísmo. Plenificar os sentidos da
mais profunda sensibilidade.
Burilar as pedras da jornada. Cultivar a
quietude. Encontrar a paz na vida percebida como dádiva imerecida em meio aos percalços
e descaminhos da existência.
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