Hoje, todos e todas, haverão de concordar
que, se quisermos uma educação de qualidade, precisamos de educadores bem
preparados e em condições de liderar as transformações necessárias dentro de
uma sociedade em permanente mudança. Nenhuma reforma educacional triunfou pelo
mundo afora sem que os educadores assumissem a sua tarefa com entusiasmo,
discernimento e criatividade. Cabe-lhes, sobretudo, transformar profundamente o
papel que desempenham. Já não é mais possível resignar-se com a transmissão de
conteúdos. É preciso estar socialmente comprometido com aquilo que ocorre no
país e fazer das salas de aula espaços de trabalho, participação, formação e
comprometimento com o bem comum.
É preciso resgatar, com urgência, um
horizonte no qual os educadores sejam solidariamente formados para que possam
compreender que a sua missão é estimular a aprendizagem e a formação humana e
cidadã dos seus educandos. A educação fracassa não apenas quando os educandos
não adquirem competências essenciais à sua formação, mas quando não se é capaz de
transmitir a eles o encanto, a motivação e o interesse para construir um mundo
e uma sociedade mais humana, justa, equitativa e fraterna.
O Brasil tem muitos licenciados, professores,
mestres e até doutores, mas, a cada dia, escasseiam os verdadeiros educadores.
Homens e mulheres que concebem a educação como um projeto ético. Que a
vislumbram a partir de ideais de humanidade e cidadania. Que encarnam os
caminhos para a realização com seu exemplo e com a sua vida. Gente que seja
capaz de fazer de sua vivência profissional, mesmo com tantas dificuldades e
limites, uma ação capaz de desinstalar e romper práticas rotineiras. Gente que
não almeje a formação para acumular títulos, credenciais ou diplomas, mas, para
servir de forma mais plena.
Em meio a tantos descompassos, carecemos de
indivíduos que auxiliem na busca do conhecimento sem imposições. Que saibam
guiar mentes e corações sem os modelar. Que consigam facilitar uma relação de
reciprocidade e partilha. Precisamos, e muito, de educadores identificados com
suas escolas, concebendo-as como espaço para um projeto coletivo e comunitário.
Não como lugar para assimilar uma matéria ou mudar de classe. Carecemos de
ambientes que permitam a construção das identidades através da inovação, da
coerência e do amor. Educadores humanos e próximos dos educandos. Gestores
democráticos e que saibam promover a participação efetiva de todas as forças
vivas do âmbito escolar.
Diante dos tantos desafios vividos na
atualidade é necessário que se busque, de forma incansável, um protagonismo
educacional que revitalize a sociedade mediante ações que mobilizem as pessoas
contra a ignorância, a pobreza, a ineficiência, a retórica banal e a
mediocridade. É preciso superar a mentalidade clientelista e transformar os
discursos em boas ações de modo a superar a crise da civilização que afronta os
princípios elementares da dignidade humana. Educadores e educandos precisam ser
capazes de aprender permanentemente e estarem preparados e dispostos a
consolidar mudanças para que tenhamos dias melhores.
É possível formar pessoas somente com base na
liberdade ofertada e no amor que cria segurança e abre as portas para um futuro
mais digno. Tomara que um dia o protagonismo educacional não seja alicerçado
tanto a partir dos meandros do poder, mas com base nas capacidades que abrigam
um ideal capaz de ampliar competências e supor ensinamentos para a vida em
plenitude. Exercitar o protagonismo educacional é não perder a esperança nos
seres humanos. É exercitar a solidariedade, a compaixão e o senso crítico. É
reconhecer que a maior tarefa nesta efêmera jornada é a partilha no afeto, a
solidariedade nas tempestades e a coerência nas atitudes.