Vivo
nas tramas inconstantes do tempo.
Minha
existência é permeada pelo momento fugaz.
Comovido
pela singeleza, persisto, apesar das desventuras.
Percebo,
altruísmo requer sabedoria e uma inesgotável criatividade.
Na
minha simplicidade, sou confundido pelo temperamento dos gênios e seduzido pela
sutileza dos poetas.
A
busca da justiça me instiga e perturba; os solidários me estimulam e provocam;
os santos me embaraçam e cativam.
A
maturidade mostrou-me que a bondade e o carinho são virtudes essenciais à nossa
caminhada,
Que
o extraordinário e o encantador podem durar apenas segundos, mas permanecer
para sempre em nosso coração.
Dei-me
conta de que não é possível atalhar os caminhos do sofrimento de forma
antecipada, mesmo na resignação.
Nas
minhas angústias, desejo apenas a companhia de quem não se ausentou quando mais
necessitei.
Quero
estar perto de quem nunca me negou a sua estima, carinho, mão estendida,
compreensão, abraço sincero.
Na
minha utopia reverente, sonho com a vocação divina na qual a bondade e a
compaixão se deem as mãos para enxugar lágrimas, sem julgar e nem desmerecer.
As
contradições da vida me surpreendem e inquietam de forma estranha e paradoxal.
Têm
dias em que me sinto delimitando trilhas com desenvoltura.
Noutros,
pareço compelido a enfurnar-me em algum lugar inacessível.
Quando
me permito poetizar, extravaso lástimas em demasia.
Ao
sublimar as incertezas, sou tentado a sucumbir em meio às desilusões.
Nesta
vida, tão estranha, parece que existem mistérios em demasia.
Resta-me
o encargo de seguir adiante sem atinar os percalços do porvir.
Eu
sei, devo escapar às ciladas da monotonia e às artimanhas da empáfia,
Driblar
as infinitas vibrações de dor, os desgostos, os lamentos, as tristezas;
Suprimir
os desencantos, as dificuldades, sem negligenciar a compaixão e a candura;
Nunca
negociar o dever de consciência para alcançar um determinado fim.
Quero
apenas acalmar o coração, mesmo que seja pelos caminhos da saudade, da dor e do
amor em desalento.
Gostaria
tanto de entender as veredas desta estranha e efêmera jornada.
Peço
a Deus apenas uma coisa: nunca ser negligente ou insensível com a dor do outro;
Que
eu não tenha pressa em encontrar respostas diante de perguntas insondáveis;
Que
não haja imprudência nos descaminhos que nos empurram para os recônditos
inauditos e indecentes da onipotência.
Não
quero a perfeição, mas a companhia, a voz, o sorriso, o abraço de quem tanto
amo nos poucos anos que me restam aqui nesta vida.