sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O Mundo em Crise


Observamos atônitos aos múltiplos exemplos que diariamente são veiculados na mídia e que nos remetem a situações de violência, sobretudo pela dependência às drogas e pela falta de valores e limites em nossas famílias e no âmbito das instituições educacionais.

Ainda que o assunto mais comentado do momento seja a crise financeira global, é imprescindível avaliar como as crianças, os adolescentes e os jovens, tem exercitado a sua rebeldia em relação aos adultos, professores e colegas.

A contestação é intrínseca à personalidade juvenil. No entanto, a resolução dos problemas com chutes, socos e pontapés, sinaliza que o fundamento do amor, do carinho, da atenção e do exemplo dos pais não tem prosperado. Aos educadores resta o desafio de juntar os cacos. Pouco valorizados e emocionalmente fragilizados, são os heróis de uma causa que a cada dia congrega menos adeptos.

Para serem respeitados e reconhecidos na sua autoridade, será preciso que os pais e educadores mudem as regras do jogo. Junto com o afeto, a responsabilidade e a coerência. Ao lado do diálogo, o carinho e a segurança.

Enquanto observamos a derrocada de muitas convicções familiares, temos na outra ponta, o deprimente e absurdo espetáculo dos escândalos públicos. E, infelizmente, com o sentimento de impunidade que acaba por referendar a agressividade e a alienação constantes.

Podemos continuar ignorando esta trágica realidade ou vislumbrar ações que permitam criar uma nova consciência. A responsabilidade solidária com o próximo é premissa cidadã, mas também compromisso universal.
                                                                            

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

RELIGIÃO E POLÍTICA


Em diferentes sociedades e culturas, ao longo dos tempos, a religião tem deixado marcas. E não se trata apenas de uma religião específica. De modo geral, diferentes religiões marcam diversas áreas e dimensões da vida humana, muito além do estritamente espiritual. Exemplos disso são formas de cultivo da terra, a forma arquitetônica de prédios ou mesmo no exercício do poder político.


Evidentemente, nos séculos mais recentes, buscou-se certa superação da influência da religião sobre a vida humana. Com o advento da ciência e do uso proeminente da razão, compreensões religiosas passaram a ser vistas com menosprezo.


Inúmeros cientistas, por mais que criticassem expressões religiosas, reconheceram a sua influência na vida social. Hoje, sabe-se que determinada forma de expressão religiosa pode servir tanto para manter um povo pacificamente oprimido quanto para fomentar transformações profundas numa sociedade. Isso evidencia que, apesar de tudo, o fenômeno religioso não ficou sem valia e nem tende a desaparecer. Pelo contrário, manifesta-se com bastante vigor, mesmo em sociedades que se proclamam cientificamente mais avançadas. Sua influência em processos eleitorais não pode ser desconsiderada.


Em nosso País, apesar de haver uma apregoada liberdade de fé, de religião, de igreja, de escolha, de consciência, em momentos eleitorais, diferentes grupos políticos buscam “arrebanhar” os votos de grupos religiosos – mesmo que a afinidade inexista. Por outro lado, também ocorrem corporativismos religiosos, ou mesmo eclesiais, buscando eleger representantes de seu segmento.

Fato é que em nossa sociedade instituições religiosas históricas ainda mantém uma auréola ética de defesa da vida. Inconsequente é alguém professar uma fé ética e votas em alguém aético. O resultado dessa relação entre religião e eleições tem deixado marcas arquitetônicas nefastas em todas as dimensões sociais.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Educação para a Vida


Na compreensão do sociólogo Émile Durkheim, o que nos permite viver em sociedade é o fato de estarmos intimamente ligados a um paradoxo onde somos iguais e diferentes ao mesmo tempo. O fator preponderante para sermos desta forma é a educação. Esta se concretiza enquanto processo social.

Cabe salientar, portanto, que a construção do ser social corresponde a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento – que acabarão balizando a conduta do indivíduo num grupo. O ser humano, mais do que formador da sociedade, é um produto dela. Esta teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo.

Acredito que os conteúdos da educação são independentes das vontades individuais. São as normas e os valores desenvolvidos por uma sociedade ou grupo social em determinados momentos históricos, que adquirem certa generalidade e, com isso, uma natureza própria. Neste sentido, a criança só poderá conhecer aquilo que lhe compete através de seus pais e professores. É preciso que estes sejam para ela a personificação do dever, do imperativo que terão que assimilar. Assim, é preciso que a autoridade moral seja a qualidade fundamental do educador. Esta autoridade não é violenta, mas se alicerça num sentido moral profissional. 

Ser livre não consiste em fazer aquilo que se tem vontade, mas em se ser dono de si próprio, em saber agir segundo a razão e cumprir com os seus deveres. Significa aprender a agir como a sociedade moralmente espera. Ao socializar-se, o indivíduo aprende a ser membro da sociedade e também a ocupar o seu devido lugar dentro da mesma. Desta forma estará preservando a sociedade. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Cooperação Entre as Religiões do Mundo


Todas as crenças religiosas, apesar de suas diferenças filosóficas, têm um objetivo semelhante: enfatizar o aperfeiçoamento do ser humano, o amor, o respeito pelos outros e a necessidade de partilhar o sofrimento alheio. Dentro dessa perspectiva a maioria das religiões acaba tendo o mesmo ponto de vista e o mesmo propósito.

Embora em todas as religiões haja uma ênfase na compaixão e no amor, do ponto de vista teológico, existem diferenças dogmáticas e metodológicas. Tais questões não deixam de ser muito interessantes. Os ensinamentos filosóficos não são o fim, a meta, mas sim, a fonte de onde tiramos as ideias e buscamos algum auxílio para nossos semelhantes.

Seria inútil abordar aqui diferenças filosóficas ou entrar em discussões e críticas. Se o fizermos, surgirão inúmeros argumentos e o resultado será apenas a irritação, sem que surja nada de produtivo. Melhor é olhar para o propósito das filosofias como um todo e verificar o que partilhamos, ou seja, a ênfase no amor, na compaixão e no respeito por uma força superior.

Em nenhuma religião existe a crença de que o progresso material é suficiente para a humanidade. Ao contrário, é comum reconhecer a existência de forças superiores e que vale a pena colocar-se a serviço da sociedade. Para que isso aconteça, é muito importante compreendermos uns aos outros.

No passado, por causa de inúmeros fatores, houve discórdia entre grupos religiosos. Se observarmos profundamente os valores de uma religião, podemos facilmente transcender essas infelizes ocorrências, pois há muitas áreas em comum para se alcançar plena harmonia. Devemos sobre tudo, ajudar, respeitar e compreender uns aos outros. O propósito da sociedade deverá ser o aperfeiçoamento compassivo dos seres humanos.

Neste mundo plural, com tantas tradições religiosas, é de inestimável valor o cultivo do respeito baseado no diálogo. É trágico e inadmissível que a própria religião possa se tornar um motivo para a criação de discórdias. Uma religião que assume esta premissa acabará sendo uma religião sem valor para a humanidade e o que é pior, prejudicial à convivência pacífica e fraterna.

Precisamos das diferentes tradições religiosas a fim de desenvolver tanto a paz interior quanto a paz entre os povos do mundo. É fundamental toda a sociedade humana acolher a realidade de muitos caminhos e muitas verdades, para uma pessoa pode ser melhor seguir um caminho e uma verdade que lhe inspire e auxilie a encontrar o seu lugar como protagonista de um mundo mais justo, mais fraterno e solidário.