sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Falácias e Humilhações

“Grandes mentes discutem ideias, mentes medíocres discutem eventos, mentes pequenas falam sobre os outros”

Eleanor Roosevelt
(Ex-Primeira-dama dos Estados Unidos. Grande defensora dos direitos humanos)

 

Quando falta capacidade argumentativa ou intelectual, a tendência é apelar para o lado pessoal. Infelizmente, esta sanha incontida para desqualificar o outro quando não se tem argumentos sólidos é cada vez mais comum em todas as esferas de nossa vida social. Presenciamos, quase todos os dias, incontáveis falácias e argumentações esdrúxulas, sobretudo, nas conhecidas mídias virtuais.

É por meio da falácia que se busca atacar o outro em vez de refutar suas ideias. Quem se utiliza da falácia, desqualifica os argumentos do outro por meio de ataques pessoais destinados a minar sua autoridade ou confiabilidade. São insultos pessoais, humilhações ou até mesmo destaques exacerbados para pretensos equívocos que alguém possa ter cometido em algum momento de sua vida. Há também, por óbvio, quem recorra à mentira ou exagere ao desvalorizar certas ideias. O objetivo é desacreditar o interlocutor, redirecionando o foco da atenção para algum aspecto irrelevante.

Tenho para mim que certas desqualificações pessoais dizem mais sobre quem ataca do que sobre quem é atacado. As falácias e humilhações costumam ser o resultado da falta de argumentos e de certas frustrações. Quando não se tem ideias sólidas, em geral, se recorre a argumentos sem tanto respaldo. Infelizmente, não é raro, perceber gente capaz de atacar de forma virulenta e fazer com que a outra pessoa se sinta envergonhada ou perca a sua credibilidade.

Poucos percebem, mas, ataques pessoais também desqualificam o agressor, pois mostram a sua irracionalidade e incapacidade argumentativa. Trata-se, pois, de pessoas que não conseguem debater no plano das ideias, e, por isso mesmo, buscam a todo custo, arrastar seus interlocutores para o plano pessoal. O principal problema é que, embora gostemos de nos ver como pessoas racionais e sensatas, somos, na verdade, bastante vulneráveis a certas falácias.

O conhecido sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, em uma de suas últimas entrevistas, reiterou que "o verdadeiro diálogo não é falar com pessoas que pensam o mesmo que você". Nessa ordem, é preciso compreender que poucos gostam de dialogar, mas, há quem, invariavelmente, acabe por se predispor a não fazê-lo. Assim não aprendem, não ampliam a sua visão de mundo, não crescem. Vivem em uma realidade diferente, por vezes, paralela aos acontecimentos.

Se algum dia estivermos no meio de um debate e formos tentados a atacar pessoalmente nosso interlocutor, é conveniente que paremos por um momento para refletir. É preciso pensar que um diálogo construtivo não é aquele em que existem vencedores ou vencidos, mas, onde ocorre o crescimento mútuo. O grande desafio para os dias atuais talvez seja decifrar esta pretensa superioridade ilusória: quando a ignorância se disfarça de conhecimento.