Intuo
que a beleza também se esconde nas adversidades.
Vivo
nas entrelinhas do tempo frágil, grotesco, obscuro.
Por
toda a parte, a realidade eclode com rispidez.
Às
vezes claro, às vezes escuro, o belo é perene.
Esforço-me
em buscar o que enternece, solidariza e encanta.
Sei
que a formosura é capaz de fazer o coração palpitar, surpreso.
É
preciso sensibilidade para ver o inefável que permeia a vida.
Um
coração desolado, poucas vezes, consegue notar o imperceptível.
Sei
que os milagres, pequenos ou grandes, eclodem no mistério;
Que
o renascer dos anseios mais profundos se afirma na humildade;
Que
as tristezas cotidianas nunca se afastam sem demarcar ensinamentos.
Em
meio à desfaçatez, quero meu coração inconformado com o grito dos ordinários.
Que
a brutalidade dos insensatos seja subjugada pela leveza do abraço e da poesia.
Que
a cadência das palavras se transfigure em versos sublimes e prenúncios de paz.
Na
busca por dias amenos, quero ouvir os acordes de alguma música calma,
Serenar
deixando a saudade transformar-se em sublime sabedoria, O lamento prenunciando um futuro diferente,
sem angústias ou ausências;
Cada
pensamento, mesmo aqueles não pronunciados, reverenciando afagos e abraços
diante de vivências turbulentas;
A
transcendência acalentando lembranças indeléveis, mesmo nas ausências.
Como
seria belo o mundo se nele houvesse mais artesãos da ternura e da bondade,
Coerência,
sensatez e carinho para transformar adversidades em encontros!
Quanta
frieza, quanta indiferença, quanta insensibilidade com a dor do outro!
Pergunto-me:
De que vale a vida afinal?
Receio
que seja tão somente para sensibilizar na dureza, subverter na apatia,
desalojar no cinismo.
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