São as pequenas coisas que fazem a diferença.
Momentos nos quais só precisamos da certeza em poder contar com alguém que
possa enxugar nossas lágrimas, dividir as alegrias, brindar as conquistas. Sem
interesses, sem precisar pedir nada em troca. Doação mútua. O prazer de
contemplar o mundo, caminhando sem pressa, dividindo a vida, os sonhos,
transformando as dificuldades em melodia agradável ao coração.
Somos o que ficamos depois do sofrimento. Na
dor cada qual é confrontado com uma verdade que não existe em nenhum outro
sentimento. Na dor encontramos as urgências que não existem em outro lugar. Na
dor podemos encontrar a autenticidade sem disfarces ou mentiras. A dor permite
entender os próprios desígnios para perceber a vida como dádiva. A dor ensina a
viver de outro jeito. A enxergar o mundo com outras lentes. A compreender cada
lágrima como expressão de um sentimento que amplia o mais profundo de nosso ser.
Não percebemos que podemos ir embora a
qualquer momento. Que a ilusão da posse é descabida. Nada é nosso. Somos apenas
administradores do espaço onde nos situamos. Sequer temos a possibilidade de
governar o sopro que sustenta a vida. A nossa percepção é a de que cada minuto,
cada dia, cada encontro, é uma espécie de bônus nesta nossa efêmera jornada.
Resta-nos compreender que o amor é um recurso que antecipa aquilo que
imaginamos eterno.
Sentimo-nos amparados quando percebemos que
outros são especiais na nossa jornada. Quando despertamos amor, afeição,
carinho e cuidado. Quando existe o abraço e a mão estendida. Sentimos medo de
vivenciar os dias iguais, de cair em uma rotina que aprisiona, de nos
aproximarmos de situações que não preencham as nossas maiores inquietudes
existenciais. O que amortiza por dentro e se mostra cruel e aterrador, que
causa calafrios, é o medo da monotonia, de estar vulnerável ao tédio das horas,
o medo da solidão e de não sentir-se amado.
O que fica para a posteridade são as idéias,
as vivências e os sonhos. Estes jamais morrem. Um pouco de nós ficará,
certamente, em cada pessoa que encontrarmos na nossa jornada. Mesmo que não
percebamos, cada qual carrega um pedacinho daqueles que foi encontrando pelo
caminho. Alguns, pela intensidade, pelo exemplo e por aquilo que souberam
despertar em nosso coração, ficarão eternizados e conosco para sempre.
Contemplar a vida em sua brevidade é olhar
para trás e dar-se conta de que somos o resultado daquilo que pudemos construir
de mais belo, mais marcante, mas precioso, ainda que também esteja marcado por
decepções, dores e tristezas. É ter a certeza de que algumas lembranças
marcadas pela saudade jamais poderão ser apagadas, pois para sempre estarão
registradas na memória e bem guardadas no coração.
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