segunda-feira, 8 de abril de 2019

Justiça e Equidade

O bem estar de uma sociedade será sempre considerado um problema para quem detém o poder. Em geral, são os “donos do poder” que buscam proteger seus privilégios. A história mostra que é esta turma que tende a considerar seus anseios mais importantes que os direitos de toda uma coletividade.

A tradição bíblica do Êxodo se constituiu a partir da libertação do trabalho escravo e na revolta com o império opressor. Conta-se acerca da busca por uma terra em que todos, igualmente, encontrariam a possibilidade de serem felizes. Foi esta saga que serviu de inspiração para o surgimento de profetas na história de Israel.

Como Israel mantinha um governo teocrático, Javé, o Deus tribal e patrono dos descendentes de Abraão, se valeria do “seu povo” para revelar ao mundo os preceitos da Torá e o modelo ideal para as demais nações se organizarem. Foi por isso que os profetas se tornaram importantes para os reis. Mesmo com poderes plenos, os reis precisavam se sujeitar e responder a uma autoridade superior.

Os relatos bíblicos descrevem os profetas como agentes de um poder divino, principalmente quando se tratava de justiça. Havia uma insistência para que ela fosse o fundamento da organização do povo de Israel. Assim, os profetas foram os protagonistas na consolidação das bases da sociedade da época. O futuro do povo dependia daquilo que eles retratavam em sua atuação.

Os profetas costumavam bater na mesma tecla: ao contrário dos ídolos, a única forma de agradar a Deus consistia em promover a justiça e defender os oprimidos. Os órfãos, os pobres, as viúvas, os imigrantes. A profecia de Isaías, por exemplo, propunha por meio de palavras muito duras. “Para que me oferecem tantos sacrifícios? Para mim, chega de holocaustos... Não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes!” (Isaías 1.11). Os profetas faziam questão de lembrar: Deus não ficava contente com mais religião, orações infindáveis e cultos solenes.

Tenho para mim que só é possível agradar a Deus, quando se implode o sistema que gera a opressão e as injustiças. Quando se avança contra os privilégios dos mais abonados. Quando passam a valer os direitos de quem sofre. Infelizmente, uma grande parcela daqueles e daquelas que se dizem cristãos, continua a cometer os mesmos pecados do povo de Israel.

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