O fascismo de hoje se disfarça de liberalismo
no plano político e de neoliberalismo no plano econômico. Seu discurso e suas
guerras podem ser dirigidos contra inimigos externos ou internos. Sua
verdadeira natureza não pode ser escondida por muito tempo quando pessoas,
quase sempre com as cores da bandeira, descobrem líderes dispostos a defender o
racismo, a ditadura, o genocídio e a tortura.
Na maioria das vezes, trata-se de personagens
elevados à condição de “salvadores da pátria” de forma artificial. Tem seus
rostos exibidos em camisetas, faixas, cartazes, por uma turba que os exalta com
os mesmos slogans em todos os lugares. Repetindo sempre os mesmos mantras
moralistas contra a política e seus representantes, contra a corrupção e os maus
costumes. São as mesmas promessas do passado, mas que, curiosamente, costumam
aparecer em momentos de crise superdimensionada pela mídia. Foi assim, só para
citar alguns exemplos, com Hitler na Alemanha, com Mussolini na Itália, com
Salazar na Espanha, com Pinochet no Chile.
É importante lembrar o decisivo apoio da
imprensa para que os objetivos sejam alcançados. Mussolini e Hitler estamparam
as capas das mais famosas revistas em sua época. Buscava-se realçar a
determinação, a coragem, o patriotismo, o exemplo de fé e a honestidade para nações
em dificuldades. Por isso, não é por acaso que em nossos dias uma boa parcela dos
jornais e das revistas estejam recheados de manchetes apocalípticas para
“justificar” a presença de determinados personagens na arena pública.
Da fabricação do consentimento que leva ao fanatismo
até as terríveis consequências de sua imbecilidade ilógica e destrutiva, não
faz parte apenas a exagerada perspectiva da crise. É preciso atacar investimentos,
obras e meios de produção, aumentando a quebra de grandes e pequenas empresas,
para criar, um clima que permita tatuar a marca da incompetência na testa
daqueles que não se quer governando no futuro.
Criando, no mesmo processo, novas e até inéditas
lideranças, mesmo que, do ponto de vista ideológico, o seu odor lembre o de naftalina.
Como se elas estivessem surgindo, por encanto e de forma espontânea, para
livrar a nação da crise e salvar o país do abismo. É sempre com a mesma conversa
de que é preciso “consertar” a máquina, corrigir a desagregação dos costumes, os
erros da democracia, apresentada como podre e corrompida de forma indelével, que
se justifica e executa um projeto de conquista do poder.
É com a desculpa de purificar a pátria que se
postula a mudança de leis, distorcendo e deslocando as decisões políticas do
parlamento para outros setores do Estado e para instituições que se plenificam sem
a referência do voto. É por meio de iniciativas aparentemente populares que se
desafia a constituição e aumenta o poder jurídico e policial do Estado para eliminar,
impedir, sufocar, o surgimento de qualquer tipo de oposição à sua vontade.
Busca-se o controle, por meio de amplo e
implacável aparato repressivo dirigido contra qualquer um que venha a
oferecer resistência. Vai se aprimorando um discurso hipócrita e mentiroso para
justificar a construção de um nefasto castelo de cartas onde se vende a imagem
que tudo está do avesso. Sobram apenas miséria, desgraça, destruição e morte.
Esta é, infelizmente, a imbecilidade ilógica vendida
e comprada por milhões de pessoas nos últimos tempos. Nunca houve uma sociedade
que tenha sobrevivido à manipulação, ao ódio, ao fanatismo de seu povo ou ao
ego, a ambição, a cegueira, a loucura e a mais profunda vaidade e distorção praticada
por algumas lideranças cujos sonhos de poder costumam transformar-se, infelizmente,
apenas depois de muito sangue derramado.
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