É
verdade. Aos poucos, vamos percebendo que o sentido da vida não se encontra em
paisagens encantadoras ou na ausência de tragédias. Se tivéssemos maior
consciência daquilo que falamos e fazemos e do impacto de nossas atitudes,
talvez houvesse mais silêncio no mundo. Ao descaracterizarmos o valor da
honestidade, da coerência, da temperança, vamos percebendo que as palavras e as
ações nem sempre iluminam caminhos ou concretizam a luz. Não é raro, repercutirem
ainda mais a escuridão.
Vivemos
e somos envolvidos por esta jornada capaz de impulsionar para trilhas
infindáveis. O desafio é integrar a dimensão mais profunda da nossa existência,
para muitos, referida como sagrada, com uma ética da fraternidade, da comunhão,
da lealdade. O dramaturgo grego Sófocles, mais de quatro séculos antes de
Cristo, já constatava: “Terrível e misteriosa força do destino:
percorre distâncias infinitas e atravessa muralhas para ferir quem escolheu.
Dele não escapa o rei, o bravo, o forte, o poderoso, por que o vai apanhar, no
céu, o raio, o mar, a tempestade, a terra, a peste ou o inimigo. Mais forte do
que o destino é a cegueira dos que não querem ver”.
A
vida tende a perecer pela completa insensibilidade que foi adotada pela
civilização planetária nos últimos tempos. Criou-se um senso absurdo de
convivência alargado, todos os dias, pelas injustiças e o ativismo
inconsequente. Os seres humanos tem se tornado cada vez mais frios, impetuosos,
pragmáticos. Há um vazio existencial sem precedentes. O sonho de uma maior
proximidade talvez só consiga ser concretizado quando não pautado em demasia por
argumentos intrínsecos à racionalidade. Quando for compreendido que existe uma
necessidade inata de partilha, reciprocidade, carinho, cuidado.
É
angustiante perceber que em muitos momentos a vida não passa de competição, de
batalha, de constante disputa. Para cada sucesso, inúmeros podem provar a dor
do fracasso. Esquizofrenia diabólica alimentando a desenfreada corrida pela
sobrevivência apenas dos mais fortes. Os que desistem ou cruzam os braços,
apressam a decadência. Tudo o que consideramos vitória se resume a continuar,
perseverar, superar-se, cotidianamente. Perseguir as sombras. Procurar a luz.
Correr atrás do vento.
É
uma pena que nos dias atuais muitos tenham trocado a espontaneidade pelo
orgulho. A franqueza pela persuasão. Evitando a autenticidade. Que pena não
vermos dilemas éticos ou morais quando a mentira serve de atalho para o
reconhecimento ou quando determinadas ações ou condutas buscam apenas os
elogios e as palmas. Não é coisa rara ver gente desviando algum caminho.
Distorcendo alguma frase. Remodelando episódios do passado. Condenando com
facilidade.
O
filósofo alemão Georg Friedrich Hegel, já antecipava que o ser humano seria
incapaz de aprender com a história, mas que repercutiria suas maiores lições no
sofrimento. É como se a existência humana vivesse da utopia escrita nas
estrelas. Inatingível, incomensurável, sublime. Estrelas que nunca haverão de
ser alcançadas, mas que iluminam a jornada em noites escuras. O céu é a grande
integração de todo o mistério da humanidade. O que seria de nossa caminhada sem
a companhia das estrelas na vastidão do universo?
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