sexta-feira, 24 de março de 2017

Sobre Valores, Caminhos e Estrelas...



É verdade. Aos poucos, vamos percebendo que o sentido da vida não se encontra em paisagens encantadoras ou na ausência de tragédias. Se tivéssemos maior consciência daquilo que falamos e fazemos e do impacto de nossas atitudes, talvez houvesse mais silêncio no mundo. Ao descaracterizarmos o valor da honestidade, da coerência, da temperança, vamos percebendo que as palavras e as ações nem sempre iluminam caminhos ou concretizam a luz. Não é raro, repercutirem ainda mais a escuridão.

Vivemos e somos envolvidos por esta jornada capaz de impulsionar para trilhas infindáveis. O desafio é integrar a dimensão mais profunda da nossa existência, para muitos, referida como sagrada, com uma ética da fraternidade, da comunhão, da lealdade. O dramaturgo grego Sófocles, mais de quatro séculos antes de Cristo, já constatava: “Terrível e misteriosa força do destino: percorre distâncias infinitas e atravessa muralhas para ferir quem escolheu. Dele não escapa o rei, o bravo, o forte, o poderoso, por que o vai apanhar, no céu, o raio, o mar, a tempestade, a terra, a peste ou o inimigo. Mais forte do que o destino é a cegueira dos que não querem ver”.

A vida tende a perecer pela completa insensibilidade que foi adotada pela civilização planetária nos últimos tempos. Criou-se um senso absurdo de convivência alargado, todos os dias, pelas injustiças e o ativismo inconsequente. Os seres humanos tem se tornado cada vez mais frios, impetuosos, pragmáticos. Há um vazio existencial sem precedentes. O sonho de uma maior proximidade talvez só consiga ser concretizado quando não pautado em demasia por argumentos intrínsecos à racionalidade. Quando for compreendido que existe uma necessidade inata de partilha, reciprocidade, carinho, cuidado.

É angustiante perceber que em muitos momentos a vida não passa de competição, de batalha, de constante disputa. Para cada sucesso, inúmeros podem provar a dor do fracasso. Esquizofrenia diabólica alimentando a desenfreada corrida pela sobrevivência apenas dos mais fortes. Os que desistem ou cruzam os braços, apressam a decadência. Tudo o que consideramos vitória se resume a continuar, perseverar, superar-se, cotidianamente. Perseguir as sombras. Procurar a luz. Correr atrás do vento.

É uma pena que nos dias atuais muitos tenham trocado a espontaneidade pelo orgulho. A franqueza pela persuasão. Evitando a autenticidade. Que pena não vermos dilemas éticos ou morais quando a mentira serve de atalho para o reconhecimento ou quando determinadas ações ou condutas buscam apenas os elogios e as palmas. Não é coisa rara ver gente desviando algum caminho. Distorcendo alguma frase. Remodelando episódios do passado. Condenando com facilidade.

O filósofo alemão Georg Friedrich Hegel, já antecipava que o ser humano seria incapaz de aprender com a história, mas que repercutiria suas maiores lições no sofrimento. É como se a existência humana vivesse da utopia escrita nas estrelas. Inatingível, incomensurável, sublime. Estrelas que nunca haverão de ser alcançadas, mas que iluminam a jornada em noites escuras. O céu é a grande integração de todo o mistério da humanidade. O que seria de nossa caminhada sem a companhia das estrelas na vastidão do universo?

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