sexta-feira, 5 de agosto de 2016

POR UM NOVO IMPERATIVO ÉTICO



Vivemos hoje no Brasil o desastre do senso comum que manipula vontades e a ignorância de pessoas que não leem, não estudam e não se organizam para analisar com um mínimo de critério a realidade econômica, política, cultural, religiosa e social, tremendamente obscura, complexa e confusa. Ao nivelar por baixo desvirtua-se uma realidade na qual as distorções são multiplicadas. Dizer que a politica é sempre suja e que todos os que a exercem não prestam é, no mínimo, não entender (ou não querer entender) o seu próprio papel no conjunto da sociedade.

Há que se ter o necessário discernimento de que o Estado é o reflexo dos interesses mesquinhos não apenas por parte de quem é eleito, mas também por quem propaga o pensamento que transfere aos “políticos” aquilo que no dia a dia nunca haverá de ser um exemplo construtivo. É fácil acusar quando os imperativos éticos ficam escassos. Apontar o dedo para o outro sem se incomodar em “levar vantagem” ao subverter a honestidade em detrimento do “jeitinho” e da malandragem. Queremos que os “governantes” carreguem a aura da honestidade, mas não atinamos para os infinitos exemplos onde a coerência deixou de ser um imperativo em nossas escolas, famílias, trabalho, lazer.

São tempos sombrios e de falta de consciência que compromete as pessoas com a edificação de uma sociedade justa e fraterna. É como se existisse uma exacerbação do caos que vai destruindo gerações e deformando intelectualmente toda uma sociedade. Pessoas que passaram uma vida inteira estudando para compreender melhor o seu lugar no mundo, são ridicularizadas. Nada sabem. Gente que se esforça para conhecer a história e aquilo que nos cerca, não é compreendida. Nada entende. Nada sabe. A despeito do que se diga, fale ou escreva, não faz diferença. As pessoas parecem ter nascido apenas com uma única opinião. É como se as escolas e universidades estivessem apenas formando idiotas e paus mandados das manobras mesquinhas de governos esquizofrênicos. Haja paciência.

Confesso estar farto de ouvir discursos sem o mínimo de coerência. Sem a capacidade para ousar, pensar ou ser reflexivo. Tenho para mim que na maioria das cabeças soa apenas um refrão: “tudo está errado”. Faliu a educação, faliram as igrejas, faliram os partidos, faliram as famílias. O que resta é apenas um enorme bando de manipulados que vai sendo engolindo pelas constantes lavagens de quem usa os meios de comunicação para destruir responsabilidades que caberiam a cada cidadão e cidadã. O que interessa mesmo é que as pessoas sejam consumidores.

Como explicar que haja tantas pessoas queridas e amigas que se transformaram em depósitos da imbecilidade gritando pela volta da ditadura, berrando contra a corrupção, a serviço dos maiores corruptos e traidores? Na televisão, nas rádios, na internet, nas igrejas, padres e pastores usam da boa fé para ameaçar gente com fundamentalismos fascistas e destruidores do respeito aos outros e aos diferentes. Todo dia a burrice e o ódio vão sendo maximizados.

O que vemos atuando no executivo, legislativo e no judiciário, salvo exceções, são pulhas que envergonham a democracia e o Brasil. Um bando de picaretas, covardes, mentirosos, travestidos de “gente de bem”. São eles que, em grande medida, alimentam as desvirtuações numa sociedade onde a solidariedade e a partilha são valores quase proscritos. Quando a vida é corroída no cotidiano, a vontade de acreditar em qualquer coisa aumenta, mas a democracia faz com que as coisas sejam vistas como de fato são: complexas.

Somente com a participação, com muita mobilização e instrução é que se poderá superar a alienação e criar caminhos para que deixem de predominar a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo. Somente desta maneira se poderá evitar que pessoas sejam transformadas em marionetes e inimigas do entendimento, da fraternidade e da justiça.

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