Vivemos
hoje no Brasil o desastre do senso comum que manipula vontades e a ignorância
de pessoas que não leem, não estudam e não se organizam para analisar com um
mínimo de critério a realidade econômica, política, cultural, religiosa e
social, tremendamente obscura, complexa e confusa. Ao nivelar por baixo
desvirtua-se uma realidade na qual as distorções são multiplicadas. Dizer que a
politica é sempre suja e que todos os que a exercem não prestam é, no mínimo,
não entender (ou não querer entender) o seu próprio papel no conjunto da
sociedade.
Há
que se ter o necessário discernimento de que o Estado é o reflexo dos
interesses mesquinhos não apenas por parte de quem é eleito, mas também por
quem propaga o pensamento que transfere aos “políticos” aquilo que no dia a dia
nunca haverá de ser um exemplo construtivo. É fácil acusar quando os imperativos
éticos ficam escassos. Apontar o dedo para o outro sem se incomodar em “levar
vantagem” ao subverter a honestidade em detrimento do “jeitinho” e da
malandragem. Queremos que os “governantes” carreguem a aura da honestidade, mas
não atinamos para os infinitos exemplos onde a coerência deixou de ser um
imperativo em nossas escolas, famílias, trabalho, lazer.
São
tempos sombrios e de falta de consciência que compromete as pessoas com a
edificação de uma sociedade justa e fraterna. É como se existisse uma
exacerbação do caos que vai destruindo gerações e deformando intelectualmente
toda uma sociedade. Pessoas que passaram uma vida inteira estudando para
compreender melhor o seu lugar no mundo, são ridicularizadas. Nada sabem. Gente
que se esforça para conhecer a história e aquilo que nos cerca, não é
compreendida. Nada entende. Nada sabe. A despeito do que se diga, fale ou
escreva, não faz diferença. As pessoas parecem ter nascido apenas com uma única
opinião. É como se as escolas e universidades estivessem apenas formando
idiotas e paus mandados das manobras mesquinhas de governos esquizofrênicos.
Haja paciência.
Confesso
estar farto de ouvir discursos sem o mínimo de coerência. Sem a capacidade para
ousar, pensar ou ser reflexivo. Tenho para mim que na maioria das cabeças soa
apenas um refrão: “tudo está errado”. Faliu a educação, faliram as igrejas,
faliram os partidos, faliram as famílias. O que resta é apenas um enorme bando
de manipulados que vai sendo engolindo pelas constantes lavagens de quem usa os
meios de comunicação para destruir responsabilidades que caberiam a cada
cidadão e cidadã. O que interessa mesmo é que as pessoas sejam consumidores.
Como
explicar que haja tantas pessoas queridas e amigas que se transformaram em
depósitos da imbecilidade gritando pela volta da ditadura, berrando contra a
corrupção, a serviço dos maiores corruptos e traidores? Na televisão, nas
rádios, na internet, nas igrejas, padres e pastores usam da boa fé para ameaçar
gente com fundamentalismos fascistas e destruidores do respeito aos outros e
aos diferentes. Todo dia a burrice e o ódio vão sendo maximizados.
O
que vemos atuando no executivo, legislativo e no judiciário, salvo exceções, são pulhas que envergonham a democracia e o Brasil. Um bando
de picaretas, covardes, mentirosos, travestidos de “gente de bem”. São eles
que, em grande medida, alimentam as desvirtuações numa sociedade onde a
solidariedade e a partilha são valores quase proscritos. Quando a vida é
corroída no cotidiano, a vontade de acreditar em qualquer coisa aumenta, mas a
democracia faz com que as coisas sejam vistas como de fato são: complexas.
Somente
com a participação, com muita mobilização e instrução é que se poderá superar a
alienação e criar caminhos para que deixem de predominar a desinformação, a
desonestidade e o obscurantismo. Somente desta maneira se poderá evitar que
pessoas sejam transformadas em marionetes e inimigas do entendimento, da
fraternidade e da justiça.
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