sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Para onde Caminhamos?

Muitos pais e mães, educadores e psicólogos se queixam de que uma parcela considerável da nossa juventude carece de referências mais claras. Inúmeros jovens mergulham de cabeça na onda neoliberal de relativização de valores. Fazem do público o privado e são indiferentes à política e à religião, entendem o sexo como esporte e, em matéria de valores, preferem os do mercado financeiro.


Todas as gerações têm seus aspectos positivos e negativos. Se em tempos passados soubemos conceber e nutrir ideologias libertárias, a geração dos nossos pais parece que sempre acreditou na perene estabilidade das quatro instituições basilares da sociedade: a religião, a família, a escola e o estado. Ao mesmo tempo, esta geração não logrou superar o patriarcalismo, o preconceito a quem não lhe era racial e socialmente semelhante, a fé positivista nos benefícios universais da ciência e da tecnologia.


A geração da segunda metade do século passado soube promover a ruptura entre sentimento e sexualidade. Também idealizou o modelo soviético e chinês de socialismo, com suas revoluções culturais e hoje troca a militância revolucionária pelo direito de ser burguesa sem culpas. Com a crescente autonomia do indivíduo, tão defendida pelo neoliberalismo, vemos que muitos jovens acabam por se perguntar em nome de quê devem aceitar determinadas normas além das que lhes convêm? E quando, por ventura, as adotam, o fazem convencidos de que elas possuem prazo de validade tão curto quanto um McDonald's de esquina.


Se a repressão marcou a geração dos nossos pais, hoje o estímulo à perversão é constante. Respira-se uma cultura onde não precisamos mais sentir culpa. Afinal de contas, parece que toda uma geração anda dando as costas para não interiorizar preceitos mínimos de ética humana. Parafraseando Dostoiévski, é como se Deus não existisse e, portanto, tudo fosse permitido.


Coloco aqui uma premissa questionadora relevante: quem seria hoje o enunciador coletivo capaz de ditar, com autoridade, o comportamento moral? A Igreja? Receio que a matriz católica brasileira talvez esteja em boa medida na contramão da história, pois pesquisas comprovam que a maioria dos seus fiéis, não acata as resoluções doutrinárias oficiais, usa preservativo, não valoriza a virgindade pré-matrimonial, frequenta os sacramentos após contrair nova relação conjugal. As denominações evangélicas neopentecostais, por sua vez, ainda insistem no moralismo individual, mas esquecem de olhar de forma crítica para o caráter antiético das estruturas sociais e a natureza desumana do capitalismo.


Onde estaria, pois uma voz profética? O Estado certamente não é, já que pauta suas decisões de acordo com o jogo do poder e os dividendos eleitorais. Hoje condena o desmatamento, os transgênicos, o trabalho escravo, e amanhã, aprova aquilo que achar conveniente para não perder o apoio político.


Se existe um grande sujeito coletivo na atualidade, então este é o Mercado. È através dele que as crianças são corrompidas, através da indução ao consumismo precoce. Os jovens acabam sendo seduzidos a priorizar valores de fama, fortuna e a estética individual. O Mercado corrompe as nossas famílias através de um efeito hipnótico televisivo que expõe nos lares a catástrofe do entretenimento pornográfico. É o Mercado que para proteger seus interesses, reage violentamente quando se insinua algum limite. Vale-se de famosos bordões como a censura, terrorismo, estatização, sabotagem!


Só posso acreditar que as futuras gerações haverão de conhecer apenas dois caminhos - a barbárie ou a civilização; a neurose da competitividade ou a ética da solidariedade; a “rede globo” colonização ou a globalização do respeito e da promoção dos direitos humanos. Pais, professores, psicólogos, religiosos e todos que se interessam e preocupam com o futuro da humanidade e com o futuro de nossa juventude, vocês estão desafiados a dar respostas a tais questões. Afinal de contas – para onde caminhamos?

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