sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A SOCIEDADE EM REMODELAÇÃO


 
Parece bastante óbvio que a cultura compreendida enquanto processo social advindo de hábitos e tradições de um povo e também de sua produção de bens e serviços culturais, acabou por se tornar uma mercadoria e passou a ser encarada como um recurso capaz de criar identidade social, desenvolvimento econômico e uma dinâmica que impulsiona para o sentido da globalização. Se olharmos com cuidado, veremos que a cultura está sendo dirigida nos tempos modernos, em boa medida, como um recurso para garantir um determinado status sócio-político e econômico. A conseqüência tem sido os conflitos acerca da cidadania.

O cultural adquiriu importância estratégica. Já que o sentido mais “simbólico” engloba um modo de vida da sociedade. Vive-se uma transição dos hábitos e práticas de consumo da sociedade com a substituição de bens materiais por imagens, signos, experiências e bens simbólicos.

A sociedade de consumo pós-moderna está associada a toda uma gama de valores, desejos, hábitos, gostos e necessidades numa escala extremamente intensificada. No contexto pós-moderno, a estetização da vida cotidiana e o triunfo do signo retratam a subordinação da produção ao consumo sob a forma de marketing, com uma ascensão cada vez maior do conceito de produto, do design e da publicidade.

Há uma pluralidade de consumidores através de um processo governado pelo jogo da imagem, do estilo, do desejo. Ocorre uma atribuição de estilos de vida de acordo com os critérios de mercado.

Para o sociólogo Anthony Giddens, é essa mercantilização do consumo que acaba participando dos processos da contínua reformulação das condições da vida cotidiana; estimula o crescimento econômico ao estabelecer padrões regulares de consumo promovidos pela propaganda e outros métodos; também força as pessoas a lidarem com a descartabilidade, com a novidade e as perspectivas de obsolescência instantânea.

Como conseqüência da velocidade do tempo de vida dos produtos e serviços e, logo do consumo, temos a volatilidade e efemeridade de modas, técnicas de produção, processos de trabalho, idéias e valores; e no campo específico das mercadorias, a ênfase nos valores e virtudes.

Na modernidade, temos agora a configuração de uma  transitoriedade que parte do princípio de que é economicamente racional construir objetos baratos, que não podem ser consertados e que sejam descartáveis, ainda que eles possam durar menos. Este é um princípio impulsionador do consumo, que leva os indivíduos a uma ligação por períodos muito curtos com uma sucessão de objetos, os quais, em uma estratégia de lucro, vão se tornando obsoletos.

Ao forçar as pessoas a lidar com a novidade, a cultura de consumo pós-moderna faz com que o indivíduo perca sua capacidade de organizar coerentemente seu passado e seu futuro. A vida deixa de ser um projeto com um significado. As práticas resultam numa série de fragmentações do tempo vivido.

O indivíduo pós-moderno enfoca determinadas experiências e imagens desconectadas e isoladas que não se articulam em seqüências coerentes, sempre com imediatismo. Quer dizer que o tempo e a história não constituem mais uma lógica compreendendo processos e relações sociais reais.

A história reduz-se a estilos, referências, imagens, objetos que podem acontecer independentemente de seus contextos originais. Poderíamos parafrasear Giddens, dizendo que a sociedade contemporânea produz a “apatia em relação ao passado; renúncia sobre o futuro e uma determinação de viver um dia de cada vez".

Para que avancem os ideais de respeito à dignidade da pessoa humana é indispensável que se compreendam as diferenças de história, de percepção de mundo, de culturas. Com a eliminação dos preconceitos, com o estabelecimento de pontes de comunicação e diálogo, avanços poderão ser obtidos, trocas poderão ser feitas, enriquecimento recíproco de culturas poderá ocorrer.

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