sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Dizer “NÃO”



O que leva um número incontável de crianças e jovens a estragar a própria vida e a vida de outras pessoas por... Nada? Seria índole? Talvez, a mídia?  A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade? O que faz alguém imaginar que pode fazer o que lhe der na “telha”?

Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão e que explicam tudo de maneira muito simplista ao falar de forma descontextualizada sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas nos últimos tempos tenho pensando bastante sobre os absurdos que acontecem cotidianamente.

Vou me dando conta de que pais e mães necessitam dizer NÃO em muitos momentos. O mundo está carente de NÃOS. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer NÃO às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer NÃO aos maridos que agem com violência. Pessoas têm medo de dizer NÃO aos amigos. De dizer NÃO aos próprios desejos.

Assim vão sendo criadas e multiplicadas situações absurdas. Quando algum capricho ou desejo supérfluo não é contemplado, o indivíduo é capaz de “surtar”. De ficar completamente descontrolado quando escuta um NÃO, seja de um guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam imaginando que abusar é normal. Que é legal.

Tenho ouvido depoimentos de pais dizendo, “não posso traumatizar meu filho”. E não é raro ver alguns deles tomando tapas de bebês de apenas um ou dois anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos e festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizendo NÃO fundamentado no seu próprio bom exemplo. Tornou-se cada vez mais raro ouvir um conselho ou palavra para não bater no amiguinho. Não assistir a uma novela criada para satisfazer a insanidade dos adultos. Não passar as madrugadas nas ruas. Não dirigir sem carteira de habilitação. Não beber uma cervejinha enquanto não completar 18 anos. Não “se perder” com más companhias. Não faltar na escola sem estar doente.

Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS vivem sem saber que o mundo não se concentra apenas em torno deles. E aí, no primeiro NÃO que a vida dá (e a vida haverá de dar muitos) perdem o chão. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Chutam mendigos e prostitutas na rua.

Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com amor real, sem culpa, tranquilos e livres, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. O NÃO protege, ensina e prepara.

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