O que
leva um número incontável de crianças e jovens a estragar a própria vida e a
vida de outras pessoas por... Nada? Seria índole? Talvez, a mídia? A
influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva
contida? Deficiência social ou mental? Permissividade? O que faz alguém imaginar
que pode fazer o que lhe der na “telha”?
Não
quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas
vespertinos de televisão e que explicam tudo de maneira muito simplista ao falar
de forma descontextualizada sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas nos
últimos tempos tenho pensando bastante sobre os absurdos que acontecem
cotidianamente.
Vou
me dando conta de que pais e mães necessitam dizer NÃO em muitos momentos. O
mundo está carente de NÃOS. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem
de medo de dizer NÃO às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer NÃO aos
maridos que agem com violência. Pessoas têm medo de dizer NÃO aos amigos. De
dizer NÃO aos próprios desejos.
Assim
vão sendo criadas e multiplicadas situações absurdas. Quando algum capricho ou
desejo supérfluo não é contemplado, o indivíduo é capaz de “surtar”. De ficar
completamente descontrolado quando escuta um NÃO, seja de um guarda de
trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas
pessoas acabam imaginando que abusar é normal. Que é legal.
Tenho
ouvido depoimentos de pais dizendo, “não
posso traumatizar meu filho”. E não é raro ver alguns deles tomando tapas
de bebês de apenas um ou dois anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos e
festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Hoje
em dia, é difícil ouvir alguém dizendo NÃO fundamentado no seu próprio bom
exemplo. Tornou-se cada vez mais raro ouvir um conselho ou palavra para não
bater no amiguinho. Não assistir a uma novela criada para satisfazer a
insanidade dos adultos. Não passar as madrugadas nas ruas. Não dirigir sem
carteira de habilitação. Não beber uma cervejinha enquanto não completar 18
anos. Não “se perder” com más companhias. Não faltar na escola sem estar
doente.
Crianças
e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS vivem sem saber
que o mundo não se concentra apenas em torno deles. E aí, no primeiro NÃO que a
vida dá (e a vida haverá de dar muitos) perdem o chão. Usam drogas. Compram
armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Chutam mendigos e
prostitutas na rua.
Não
estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo. Acredito piamente
que crianças e adolescentes tratados com amor real, sem culpa, tranquilos e
livres, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe. Intuem
que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também
responsabilidade. O NÃO protege, ensina e prepara.
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