sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Brasil: O País da Insanidade



O ensino de uma única religião em escolas públicas é aprovado pela Suprema Corte. Porém, o que choca mesmo é um professor tratar de racismo, machismo, feminismo, xenofobia, direitos de minorias. Mortes, assassinatos e rios de sangue inundam os programas da televisão, mas o fim da picada, abominação mesmo, é um beijo entre pessoas do mesmo sexo em alguma novela.

Crianças vendem de tudo em semáforos, mas a grande tragédia é se um menino resolve brincar de boneca. Milhares de mulheres morrem em abortos feitos por clínicas clandestinas, mas sempre aparece alguém para dizer que elas ''tiveram o que mereciam'' pois não souberam medir as consequências de suas atitudes.

A escola pode não ter merenda e, além disso, os jovens usar folhas do caderno como papel higiênico. Escândalo, porém, é quando se resolve ocupar o colégio pedindo para que haja comida, salas adequadas, professores para todas as disciplinas ou as mínimas condições para poder aprender com dignidade.

Bebida alcoólica e cigarro causam mais mortes que qualquer outra droga. Produtos industrializados repletos de conservantes funcionam como uma bomba-relógio no organismo. As gôndolas dos supermercados, todavia, estão cheias e as propagandas, por sua vez, seduzem para que se consuma sem receios. Faz-se de conta que é normal. A maioria da população tem olhos e ouvidos abertos para achar que o mal está apenas na cocaína ou na maconha.

Há um mundo de fazendas em que se planta apenas vento. Nas cidades, prédios vazios servem à especulação imobiliária, acumulando dívidas milionárias em impostos. Mas o povo fica horrorizado quando descobre alguma ocupação. Uma mulher negra ganhar muito menos que um homem branco pela mesma função é visto como se fosse trivial. No entanto, o que gera embates e críticas, é meia dúzia de cotas em Universidades.

Crianças amargam o abandono em orfanatos, muitas sendo devolvidas porque seus novos pais não se ''adaptaram'' a elas. Ainda assim, para muitos, melhor o abandono do que ser adotado por um casal homo afetivo. Sinceramente, se Jesus resolvesse voltar, é possível que Ele sentisse muita vergonha por causa daqueles que tocam a vida sem se importarem com a dor, as dificuldades e as desgraças de seus semelhantes. Aqueles que lançam suas preces aos céus batendo palmas para louvar, mas, logo depois, censuram, ofendem e cometem atrocidades.

Os mais inocentes, desinformados ou ingênuos, acreditam que é preciso seguir estas figuras que dizem estar atuando em nome de Deus ou em defesa das famílias. Os mais espertos, que comandam este espetáculo deprimente ou que sabem como dele se apropriar, querem promover sua imagem como ''guardiões dos valores'' e serem vistos como capazes para construir significados e sentidos em meio ao caos.

O discurso de ódio provoca distorções de entendimentos acerca das palavras que estão na origem da fé das pessoas. O discurso de intolerância nunca fez parte do vocabulário do homem de Nazaré. Jesus foi um visionário em sua época, mas se voltasse é bem possível que seria considerado inferior, marginal, de segunda categoria. Não me admiraria se fosse humilhado e amarrado a algum poste em nome dos bons costumes e das tradições. E, ao final, alguém ainda tiraria uma selfie ao lado de seu corpo para postar nas redes sociais.

O Brasil precisa de uma revisão urgente. Afinal, o que choca não são as absurdas mazelas sociais, mas o questionamento de uma pretensa ordem estabelecida a partir de algumas estrábicas moralidades. A sociedade aceita o cabresto porque parece ter medo de se libertar do próprio medo. A ignorância, hipocrisia ou indiferença, continuam sendo os lugares preferidos para uma grande parcela de nossa gente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário