Que saibamos honrar, todos os dias, o fato de
termos nascido. Que tenhamos o necessário discernimento para perceber que a
indiferença para com a dor do outro, além de multiplicar desalentos, é das
atitudes, a mais mesquinha. Uma forma conveniente para despistar a própria
covardia. É preciso compreender que a essência humana se manifesta de forma
verdadeira e profunda em atitudes de bondade, generosidade e gratidão. Se não
estivermos dispostos a exercitar o bem, a nossa aclamada religiosidade,
acreditem, perderá o seu sentido.
Quando ousamos abraçar ou acolher, estamos
homenageando a vida, e não a maculando. Quando propomos estar ao lado de quem vive
a dor ou a amargura, exercitamos o exemplo sublime de Jesus, o peregrino de
Nazaré. Nas alegrias partilhadas, nas conquistas alcançadas, nos sonhos
concretizados, somos o espelho daquilo que de mais belo e precioso é capaz de
realçar a existência nesta pequena jornada no mundo.
Que estejamos sempre abertos para boas
atitudes, mesmo diante das fragilidades e dilemas. Que jamais estejamos fechados
para acolher aquilo que a vida retrata através do rosto de nossos semelhantes. Que
não nos deixemos iludir por aquilo que amplia a falta de afeto. Que em todos os
dias de nossa existência nunca sejamos levados pelo preconceito, pela
violência, pela falta de escrúpulos. Que jamais nos seja permitido esquecer
quem fez parte de nossa história através de palavras, afetos, vivências e
sonhos.
Que tenhamos com a morte uma relação
amistosa, já que ela não é apenas portadora de más notícias. Ela também ensina
que não vale a pena ser escravo de coisas pequenas ou passageiras. Em algum
momento, invariavelmente, por ela seremos alcançados. Perder tempo negligenciando
afetos ou dando as costas para quem nos quer bem, não é sensato. Que saibamos valorizar,
portanto, aquilo que nem o tempo ou a morte é capaz de sepultar.
Que o mar esteja calmo, que o céu seja farto
de estrelas e que o amor seja respeitado em todas as suas formas. Que nossos
sentimentos não sejam em vão e que saibamos apreciar a beleza daquilo que nem
sempre compreendemos. Que não sejamos escravos das ideias inflexíveis. Que tenhamos
tempo para ler mais livros, contemplar a natureza, ouvir música.
Que nosso Deus, independente da forma como o
contemplamos, não nos condene por conta de sacrifícios ou penitências, mas, que
Ele seja nosso amigo fiel, sem subtrair nossa inteligência, prazer e entrega àquilo
que nos envolve em plenitude. A vida é um presente e desfrutá-la com um
pouco de leveza, inteligência e tolerância, talvez seja a melhor forma de
agradecimento.
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