sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Minha Prece



Que saibamos honrar, todos os dias, o fato de termos nascido. Que tenhamos o necessário discernimento para perceber que a indiferença para com a dor do outro, além de multiplicar desalentos, é das atitudes, a mais mesquinha. Uma forma conveniente para despistar a própria covardia. É preciso compreender que a essência humana se manifesta de forma verdadeira e profunda em atitudes de bondade, generosidade e gratidão. Se não estivermos dispostos a exercitar o bem, a nossa aclamada religiosidade, acreditem, perderá o seu sentido.

Quando ousamos abraçar ou acolher, estamos homenageando a vida, e não a maculando. Quando propomos estar ao lado de quem vive a dor ou a amargura, exercitamos o exemplo sublime de Jesus, o peregrino de Nazaré. Nas alegrias partilhadas, nas conquistas alcançadas, nos sonhos concretizados, somos o espelho daquilo que de mais belo e precioso é capaz de realçar a existência nesta pequena jornada no mundo.

Que estejamos sempre abertos para boas atitudes, mesmo diante das fragilidades e dilemas. Que jamais estejamos fechados para acolher aquilo que a vida retrata através do rosto de nossos semelhantes. Que não nos deixemos iludir por aquilo que amplia a falta de afeto. Que em todos os dias de nossa existência nunca sejamos levados pelo preconceito, pela violência, pela falta de escrúpulos. Que jamais nos seja permitido esquecer quem fez parte de nossa história através de palavras, afetos, vivências e sonhos.

Que tenhamos com a morte uma relação amistosa, já que ela não é apenas portadora de más notícias. Ela também ensina que não vale a pena ser escravo de coisas pequenas ou passageiras. Em algum momento, invariavelmente, por ela seremos alcançados. Perder tempo negligenciando afetos ou dando as costas para quem nos quer bem, não é sensato. Que saibamos valorizar, portanto, aquilo que nem o tempo ou a morte é capaz de sepultar.

Que o mar esteja calmo, que o céu seja farto de estrelas e que o amor seja respeitado em todas as suas formas. Que nossos sentimentos não sejam em vão e que saibamos apreciar a beleza daquilo que nem sempre compreendemos. Que não sejamos escravos das ideias inflexíveis. Que tenhamos tempo para ler mais livros, contemplar a natureza, ouvir música.

Que nosso Deus, independente da forma como o contemplamos, não nos condene por conta de sacrifícios ou penitências, mas, que Ele seja nosso amigo fiel, sem subtrair nossa inteligência, prazer e entrega àquilo que nos envolve em plenitude. A vida é um presente e desfrutá-la com um pouco de leveza, inteligência e tolerância, talvez seja a melhor forma de agradecimento.

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