Para
falar de Paulo Freire é preciso amar a vida, querer uma sociedade mais justa,
divisar utopias. Só é possível compreendê-lo a partir dos signos da esperança,
da ousadia, da coragem para enfrentar as adversidades. Acreditar na
integridade, na beleza e no poder de transformação presente em cada ser humano,
sobretudo, naqueles e naquelas para quem a vida foi fechando as portas. Ele,
como ninguém outro, soube descortinar com maestria a noção de grandeza humana e
a nobreza dos sentimentos. Foi um educador ímpar, capaz de amar sem pedir nada
em troca. Soube entender que as pessoas, apesar de tanta mesquinhez e maldade,
um dia, poderiam ser melhores.
Freire
foi um apaixonado pela natureza, pelas paisagens, pela beleza presente em cada
pessoa. Acreditava que, às vezes, para entender o “belo” era preciso
compreender o “feio”. Durante a sua vida, tentou interpretar as vaidades
humanas, na sua manifestação cotidiana, sem desconsiderar as tantas hipocrisias
do nosso tempo. Para ele, cada indivíduo era um sujeito inacabado, e, por isso,
em constante transformação em cada etapa da vida. Esforçou-se em combater o
sectarismo que dividia o mundo em apenas dois lados e abafava a criatividade.
Com
a mesma intensidade que combatia o sectarismo, soube tecer a sua crítica aos
que defendiam os radicalismos. Aqueles que não se deixavam mudar, que não se
deixavam convencer. Aqueles que mesmo errados, insistiam em manter verdades e
valores alheios e muito distantes do bem comum. Freire foi um homem
comprometido com ideais e com a luta que buscava transformar as pessoas através
da aprendizagem. Acreditava que o papel da educação era a transformação social
e a construção de um modelo de sociedade no qual houvesse justiça, dignidade e
paz.
A
obra de Freire sublinha a emancipação dos indivíduos diante das opressões. Um
ambiente escolar capaz de considerar as experiências de cada educando de modo a
estimular uma nova práxis educacional. Isso, em última análise, sempre lhe
rendeu muitas críticas, pois contrariava o modelo de educação vigente. Uma
educação sem arestas, que não levava em conta diferenças, desigualdades ou
características de cada pessoa. Freire construiu a sua teoria na interação com
os sujeitos que não tinham vez e nem voz. Sua ação soube renovar a esperança e
espalhar o conhecimento, gerando protagonismo. Como tantos outros, Freire nunca
obteve o merecido reconhecimento em seu próprio país.
A
proposta de Paulo Freire sempre foi marca pela preocupação com os seres humanos
em sua integralidade. Os indivíduos em suas nuances históricas, políticas,
econômicas e sociais. Uma educação para além dos muros das escolas ou das salas
de aula. Freire, mesmo percorrendo o mundo, detestava as fronteiras, as cercas
e a opressão. A sua obra sintetiza o comprometimento com a construção de uma
educação que se paute pela realidade sofrida de nosso povo. Um pensamento capaz
de enxergar a educação observando o horizonte. Uma educação que colocava o
sujeito em primeiro lugar e sempre a serviço do bem, do amor e da paz.
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