sexta-feira, 14 de julho de 2017

Até Quando



Tenho me perguntado sobre o(s) motivo(s) para a população não estar tomando as ruas mesmo com a catastrófica realidade política e moral dos últimos tempos? Talvez não seja novidade, afinal, faz séculos que o povo é esmagado por oligarquias. A cada dia, há menos gente acreditando no sistema judiciário em todas as suas instâncias. Absolve-se com provas e condena-se por convicções. Perdura no país o tráfico de influências, a conivência e a corrupção nas altas instâncias de nossos tribunais. Polícia atira sem pestanejar. Bala perdida mata mais gente do que a guerra da Síria. Há tiroteio em cada canto. Chacinas e execuções sumárias ocorrem sem que a maioria dos culpados seja punida.


Todo dia os escândalos políticos pautam o noticiário e nada acontece. A cada novo escândalo, o anterior perde evidência. Tristemente criou-se uma cultura complacente. A maioria dos caciques do nosso parlamento soube multiplicar a sua fortuna pessoal para muito além do razoável. Faz-se de conta de que é normal. Financiamento de partidos com subsídios de grandes conglomerados empresariais é rotina. São as pontes, as estradas, os hospitais, que custam sempre mais do que o orçamento. É o preço das obras que vai sendo acertado em acordos esdrúxulos e em licitações de faz de conta. Somos nós que ficamos com as estradas esburacadas, um transporte público caótico, uma saúde pública cada vez mais precária.


O que temos neste país são leis que, bem sabemos, acabam sendo cumpridas por poucos e muitos impostos, taxas, sobretaxas que, geralmente, oneram quem menos tem. Parece não ter fim está sanha por mais tributos. Os privilégios assegurados para algumas categorias, sobretudo parlamentares, pagaria o salário de milhares de professores e professoras. Ninguém aguenta mais tamanho cinismo. Quem ontem gritava pelo fim da corrupção, hoje, ao que parece, é capaz de silenciar sem maiores constrangimentos. Há até quem tente vender um discursinho de uma suposta conspiração.


No Brasil, os bancos, lucram cifras astronômicas a cada ano. Por incrível que pareça são eles também os maiores devedores de nosso sistema previdenciário. Acostumamo-nos com os hospitais sucateados e não conseguindo tratar os pacientes com um mínimo de dignidade. Idosos morrem pelos corredores. Crianças agonizam em berçários. Pacientes esperam meses por uma cirurgia. E há quem defenda, por exemplo, que o problema de nossa previdência é o trabalhador que lá no final da vida precisa mendigar alguns míseros trocados.


Sinto-me triste, envergonhado, humilhado, de viver em um país, que tanto amo, mas onde os seus governantes e autoridades perderam, por completo, a noção daquilo que seja ético e decente. Diante de tanta bagunça, não é fácil manter a esperança. Desejo que o povo acorde e faça valer a sua soberania.

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