Mentir é feio. É triste. É desolador. Poucas
coisas são tão absurdas quanto mentir. Mentir significa sobrepujar qualquer
essência. Jogar pela janela, de forma descarada e prepotente, aquilo que
deveria ser do cotidiano. É inverter as regras do jogo. Transformar o que é
esdrúxulo e negativo em uma pretensa virtude. Mentir solapa qualquer resquício
de respeito ou lealdade.
Mentir para escapar, mentir para omitir,
mentir para enganar, mentir para não se aborrecer. A mentira carrega muitas desculpas.
Quem mente sabe que vive numa espécie de redoma na qual necessita
justificar-se, não apenas para os outros, mas para si mesmo. Quem mente, não
vive na coerência, mas na ilusão, na fantasia, no egoísmo, no medo, na
covardia.
Quem mente carrega uma consciência que vai se
multiplicando. Quem mente, vive verdades e valores alheios ao entendimento, ao
diálogo, a partilha. Acredita ter o poder para subtrair as vicissitudes em seu
dia a dia. Almeja uma vida mais leve, sem tantos dilemas, previsível.
Talvez pior que ser enganado ou imaginar que
é possível manipular em benefício próprio é dar-se conta que há mentirosos que
depois de um tempo tendem a acreditar nas próprias mentiras. Fazem disso o seu
jeito de ser. Reproduzem palavras e atitudes em descompasso com o bem comum.
Encaram os outros como se fossem pessoas incapazes de qualquer senso crítico.
Mentira não tem pé nem cabeça. Não tem
coração. Nunca será um atributo da dignidade humana. Não merece qualquer
respeito. Jamais será uma virtude. É preferível viver a complexidade de uma
verdade do que a desfaçatez da mentira.
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