sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O HOMEM E A NATUREZA EM ROTA DE COLISÃO


No livro Histórias Sagradas os escritores Charles e Anne Simpkinson revelam que por trás do rápido crescimento populacional e do surgimento das muitas tecnologias, escondem-se paradigmas sobre o nosso relacionamento com o cosmos que necessitam ser modificados. Os autores reiteram que a civilização humana e o mundo natural estão em rota de colisão. A única maneira de modificar tal disfunção seria abandonar atitudes prejudiciais ao planeta e buscar um modelo saudável no trato da terra.


Um dos motivos pelos quais não conseguimos perceber a colisão eminente decore das inúmeras fontes de informação que temos acesso. A destruição do planeta encontra-se configurada num grande mosaico de difícil percepção. Para nós, a única manifestação mais concreta dessa crise poderia ser vislumbrada no aquecimento da atmosfera. Menos visíveis são a destruição das florestas tropicais, o lixo, a deterioração da camada de ozônio e os desastres ecológicos em conseqüência do vazamento de grandes quantidades de petróleo. A caracterização desse mosaico nos desafia a não entendê-lo apenas intelectualmente pelo seu conteúdo, mas também na sua perspectiva emocional.

Não estamos preparados para captar a imagem de 37 mil crianças menores de cinco anos que morrem de fome a cada dia no nosso planeta. Durante séculos o crescimento do número de habitantes do planeta ocorreu de forma constante e lenta. Na época de Cristo a terra comportava 250 milhões de pessoas. Quando Colombo conheceu o Novo Mundo, somávamos meio bilhão de pessoas. No final da Segunda Guerra Mundial já éramos dois bilhões.

Nas últimas décadas a taxa de crescimento populacional vem aumentando em grandes proporções. A cada dez anos crescemos o equivalente à população da China. Não é difícil perceber as conseqüências desse processo para a extinção das nossas reservas naturais. Um exemplo é a perda da camada de ozônio e de espécies que existiam a milhões de anos. Se a extinção continuar no ritmo atual, as nossas crianças serão testemunhas do desaparecimento de mais da metade dos animais vivos que Deus criou sobre a face da terra.

O ritmo da devastação das florestas é alucinante. Cerca de 600 hectares por dia. Enquanto isso, as novas descobertas tecnológicas são responsáveis por introduzir mais dióxido de carbono e outros produtos químicos nocivos à atmosfera. O ar que respiramos contém 500% mais cloro do que a 40 anos atrás. Infelizmente, nos acostumamos a colocar o desenvolvimento científico e tecnológico antes de saber quais as possíveis conseqüências.

A relação que o ser humano tem mantido com o planeta é disfuncional. Sempre se perseguiu normas tradicionais que foram sendo passadas de geração para geração. Nossa civilização sublinhou histórias que pressupunham uma relação destrutiva da Terra.

É necessário reconhecer que somos parte de um contexto global e que a revolução científica e tecnológica gerou a falsa impressão de que pelo intelecto seríamos capazes de solucionar a maioria dos nossos problemas e dificuldades. A civilização contemporânea cultiva os hábitos de consumo e dispõe de inúmeras fontes de distração. É o petróleo, a água, energia, etc.

Criamos um mundo artificial no qual a propaganda nos diz o que queremos e os rituais de produção e de consumo dizem quem somos. Fica a pergunta: onde podemos então encontrar uma história capaz de criar uma relação autêntica, e construtiva com o planeta? Talvez uma possibilidade poderia ser reexaminar as histórias das tradições religiosas, tantas vezes mal interpretadas e compreendidas.  No exemplo da tradição histórico-cristã, poderíamos olhar para a Arca de Noé e redescobrir que Deus no seu pacto com Noé afirma a preservação da biodiversidade e a perpetuação de todas as criaturas.

Em tempos onde as fronteiras esticam e o marketing personifica o consumismo ainda não nos damos conta de que apesar de tudo que nos separa, pertencemos a uma civilização global. Por isso, precisamos de uma nova consciência com prioridades e compromissos universais.

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