sexta-feira, 10 de maio de 2019

Barbárie ou Civilização?

Vivemos atualmente um paradoxo histórico. As novas tecnologias produziram um retorno, sem precedentes, ao passado. As mutações das relações políticas, dos processos econômicos e das trocas entre as pessoas se direcionam para uma única direção: o abandono das conquistas civilizatórias. As novas tecnologias são usadas para este fim. Enquanto prometem apenas facilitar a vida das pessoas, seguem a infinitos estímulos do poder.

A pergunta que precisa ser feita é de quais pessoas as tecnologias realmente facilitam a vida diante do número crescente de desempregados que vão sendo substituídos por robôs e máquinas? Caixas eletrônicos em bancos, supermercados ou farmácias, são apenas exemplos conhecidos desta realidade que não hesita em descartar seres humanos em favor de um sistema que visa o lucro e não o bem estar ou a realização e a felicidade de uma boa parcela da humanidade.

O Estado, em geral, comprometido com o poder econômico, serve não ao povo, mas ao capital. Desaparecem certos limites e laços que em outros tempos permitiam uma convivência mais harmoniosa. O Estado que poderia ser o alicerce da sociedade humana de acordo com as premissas democráticas, parece ter lavado as mãos. Valores como a verdade, a fraternidade e a esperança passaram a ser tratados como mercadorias sem valor. Enquanto isso, a mentira, o egoísmo e o discurso recheado de abobrinhas passa ser visto como virtude.

Práticas do passado voltaram à moda com governantes que seguem, se revelando, a cada dia, menos propensos ao diálogo franco, propositivo e leal. Parece que perdemos a memória e ficamos reféns do atraso. Tempos históricos que mais se parecem com uma ficção. As crises financeiras, a destruição das nossas indústrias, a demonização da política e as vitórias de projetos totalitários em várias partes do mundo são apenas sintomas de uma nova perspectiva que se consolida a partir da desgraça.

Nada que possa servir de limites aos que buscam exercer poder ilimitado é permitido. Direitos sociais e econômicos dos cidadãos são atacados pelas oligarquias, enquanto palavras como “segurança” e “corrupção” são violentadas para servir de justificativa à retirada de direitos civis e políticos. A “liberdade” se limita àquela que se dirige aos lucros ilimitados de poucos e à divulgação da lógica da concorrência que aniquila a consciência de classe e coloca cidadão contra cidadão. Não há respostas fáceis para esta realidade, mas, quem quiser um mundo melhor necessita responder a uma questão primordial: há algo comum pelo qual valha a pena lutar quando tudo leva a crer que não há saída para a barbárie?

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