sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A CIÊNCIA DO “ACHISMO”

O que é absolutamente paradoxal é o fato de conseguirmos visualizar o aumento do conhecimento científico e, ao mesmo tempo, o aumento da estupidez humana. É bem provável que já tenhamos escutado a frase: “é só minha opinião”. É provável, também, que o “só” seja acompanhado por um sorriso arrogante, sugerindo que o “só” não seja tão “só” assim. É um “só” que atropela evidências, anos de pesquisa e a própria ciência como um todo.

O renomado físico e filósofo estadunidense, Thomas Kuhn, buscou estruturar a evolução das ciências com base no conceito de paradigma, que, de modo simples, pode ser definido como um saber científico aceito durante determinado período. A pergunta que se encontra por trás desta afirmação é se os tais períodos da história podem mesmo ser fracionados? Seria possível afirmar que as rupturas ao longo do tempo excluem métodos e pensamentos antecedentes?

Temos, hoje, pesquisas que passam a valorizar aspectos antes desprezados pelas ciências: intuição, emoções, fé, identidades, entre outros. Isso não quer dizer que essas pesquisas são menos científicas, mas, que temos uma ciência mais abrangente (e menos fechada), capaz de acolher outras perspectivas, outros agentes e outras interpretações do mundo. Uma ciência menos fechada, menos excludente e menos preconceituosa continua sendo ciência, na medida em que permanecem métodos, verificações, elaborações.

Algo que difere totalmente de grupos que “acham” tudo fora de qualquer circuito de pensamento. São simples devaneios, e o mais preocupante é que esses devaneios ganham adeptos. Temos cada vez mais gente acreditando nessas coisas. E o mais estranho é a dificuldade que temos em localizar os autores desses enunciados. Temos pessoas que, diante de uma escolarização precária, buscam discursos fáceis. Vivem as suas convicções sem evidências, argumentos ou plausibilidade, apenas, simplismos.

São discursos que pulam etapas e que sugerem um raciocínio quase infantil. “Meu filho tomou vacina – meu filho vomitou após tomar vacina – vacina faz mal à saúde”. Vivenciamos, hoje, um misto de creche com mesa de bar, mesmo com todos os avanços. Não podemos falar que o problema se deve apenas à escolarização precária. Trata-se de algo muito mais perverso. Temos oportunistas que manipulam pessoas em cada canto.

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